Street Art: Paredes como telas, a cidade como museu
Antes de mais, é preciso relembrar algumas ideias base que estruturaram a nossa abordagem à questão do graffiti e da Street Art. Olhámos com muito interesse para o que se passa na rua, enquanto lugar criativo, espaço cultural com agentes artísticos e dinâmicas próprias. A rua é não só uma arena política, mas também o espaço do encontro e da criação, da expressão artística. As suas “paredes” são as telas de um “museu” que se faz a céu aberto, que está presente no quotidiano urbano e que se transfigura ao sabor das diferentes políticas da cidade.
Neste sentido, não se trata de trazer o graffiti para o museu, mas, precisamente, olhar para estas manifestações artísticas no seu espaço e levando em linha de conta a forma como interagem e se relacionam com os outros elementos da paisagem urbana. É fundamental não deixar de surpreender e registar duas coordenadas centrais, a saber, onde está e como está, de forma a garantir que se recupera toda a dinâmica desta expressão artística.
Neste sentido, não se trata de trazer o graffiti para o museu, mas, precisamente, olhar para estas manifestações artísticas no seu espaço e levando em linha de conta a forma como interagem e se relacionam com os outros elementos da paisagem urbana. É fundamental não deixar de surpreender e registar duas coordenadas centrais, a saber, onde está e como está, de forma a garantir que se recupera toda a dinâmica desta expressão artística.
Graffiti: um campo artístico feito de diversidade
Quando falamos de graffiti, pensamos numa imensa diversidade de experiências plásticas agrupadas sob uma denominação geral. Existem, contudo, algumas características comuns que vale a pena salientar. Em primeiro lugar, vale a pena relembrar que, enquanto expressão artística, o graffiti utiliza abundantemente a grafia, a escrita, não apenas como um elemento plástico, mas entendido como característica definidora. A escrita é, simultaneamente, produtora de sentido (v.g. a assinatura) e elemento plástico. Há, em alguns casos, um jogo muito interessante entre a entre a escrita e o figurativo, quando um personagem (normalmente da cultura popular, podendo estar associada á banda desenhada) substitui uma letra.
Em segundo lugar, podemos falar de obras mais complexas que utilizam ou reutilizam elementos provenientes de outros campos artísticos, da pintura a outras linguagens da cultura popular.
A diversidade do graffiti, à semelhança de outros campos artísticos, leva-nos a encontrar expressões mais simples como os tag ou outras que ocupam uma parede inteira; podemos ver manifestações monocromáticas ou outras de uma extraordinária riqueza cromática. As diferentes localizações traduzem uma hierarquia patente no mundo do graffiti. A forma como é feito – o processo artístico – e o local onde é feito, sinal de uma diferença qualitativa entre writers e o seu trabalho distinguem os diferentes trabalho e traduzem as dinâmicas que estabelecem com a rua enquanto local de trabalho, de criação e de recepção.
Em segundo lugar, podemos falar de obras mais complexas que utilizam ou reutilizam elementos provenientes de outros campos artísticos, da pintura a outras linguagens da cultura popular.
A diversidade do graffiti, à semelhança de outros campos artísticos, leva-nos a encontrar expressões mais simples como os tag ou outras que ocupam uma parede inteira; podemos ver manifestações monocromáticas ou outras de uma extraordinária riqueza cromática. As diferentes localizações traduzem uma hierarquia patente no mundo do graffiti. A forma como é feito – o processo artístico – e o local onde é feito, sinal de uma diferença qualitativa entre writers e o seu trabalho distinguem os diferentes trabalho e traduzem as dinâmicas que estabelecem com a rua enquanto local de trabalho, de criação e de recepção.
De igual modo, está muitas vezes em jogo a velocidade do processo, obrigando ao sacrifício estético em prol da execução rápida. De notar que o writer está, muitas vezes, a evitar o encontro com as autoridades da cidade.
Há um paradoxo interessante quando estamos a falar do graffiti: apesar da profusão de tags, entendidos como assinaturas, o anonimato é essencial para muitos destes artistas que não revelam a sua verdadeira identidade.
De igual modo, o conteúdo pode ser tão diverso como a forma. Assim, podemos encontrar tanto graffitis com preocupações políticas e sociais como outros que não têm uma mensagem imediatamente evidente para o observador. A primeira afirmação do graffiti pode ser tão simples como o nome, escrever o seu nome como assinatura, como forma de identificação artística.
Piece:
É a abreviatura de “masterpiece” (obras-prima). Consiste num graffiti colorido e com letras estilizadas, onde as qualidades estilísticas são primordiais. Muitas vezes tem efeitos 3-D, setas que dão movimento e indicam uma direcção, muitas cores (pelo menos três) e degradês, entre outros efeitos. Também podem ser usados characters e símbolos. Para ser executada, uma piece precisa de mais tempo do que um tag ou throw-up. Quando localizada num local de difícil acesso e bem executada, a piece permite ao writer obter mais respeito dos seus pares. Muitas vezes os writers auto intitulam-se piecers, quando desenvolvem um graffiti mais artístico (com preocupações estéticas) ou bombers, quando procuram alcançar a fama através da quantidade de tags ou throw-ups que realizam.
Throw-up:
Esta forma de graffiti é, de forma bastante explícita, o primeiro “jacto” do writer. De facto, o throw-up é a segunda etapa na hierarquia, que vai do tag ao graffiti, e que faz parte das primeiras concepções tipográficas com duas cores. Trata-se de um tag aumentado ao qual é dado volume através de letras com contornos, bastante arredondadas (designadas por bubbles), e já não por um mero traço. O throw-up executa-se rapidamente através de um contorno directo e de uma demão sumariamente preenchida. Pode ser pintado com qualquer cor, sendo usado pelo seu impacto visual e pela sua colocação repetitiva. Abarca todos os suportes, mas concentra-se principalmente nas ruas.
Tag:
É a assinatura de base do tagger ou writer, composta por letras caligrafadas (realizadas apenas através de um traço) que formam o respectivo pseudónimo. É a base do graffiti e o primeiro passo por que passa cada writer antes de se dedicar a técnicas de expressão mais complexas que levam ao graffiti. No entanto, pode não se tratar apenas de uma etapa, visto que alguns taggers dedicam-se exclusivamente à realização de tags. Por outro lado, um determinado número de writers continua, ao longo do seu percurso, a colocar o seu tag onde lhes apetece no espaço urbano, não só por mero prazer, mas também porque se trata de um meio sempre eficaz para se tornar conhecido junto dos seus pares. O tag é também utilizado para assinar um graffiti, nomeadamente quando realizados por uma crew.